Maristela Bretas
O diretor Matthew Vaughn não economizou nos efeitos visuais, na pancadaria e, menos ainda, no orçamento (US$ 200 milhões) para entregar o filme de “Argylle – O Superespião” (“Argylle”). O longa está em cartaz nos cinemas e, em breve, no canal da Apple TV+, que é a produtora.
Com muita ação, reviravoltas e ótima trilha sonora, a produção ainda conta com um atrativo para atrair público. Boatos polêmicos na internet, recheados de pistas bem “imaginativas”, dão conta de que a misteriosa escritora Elly Conway, cujo livro homônimo deu origem ao filme, seria o pseudônimo usado pela cantora Taylor Swift para lançar a obra literária.
Não são poucas as “teorias da conspiração” criadas pelos fãs nas redes sociais, que incluem semelhança de com personagens, roupas e objetos da famosa cantora. Sobrou até para o coitado do gato que, na verdade, pertence à esposa do diretor.
Outro ponto que chama atenção em “Argylle” são as cenas mais “calientes”, na abertura do filme, entre o Superman, Henry Cavill, e a bela Dua Lipa, ao som do grande sucesso “My First, My Last, My Everything”, na voz do inesquecível Barry White. Nada como um helicóptero para criar um clima. Quem assistir vai entender.
Dua Lipa, agora loira, está em seu segundo filme (o primeiro foi uma rápida aparição em “Barbie“). Ela entrega uma interpretação bem convincente como a espiã LaGrange que seduz o espião Argylle (Cavill, que já fez papel semelhante em “Missão Impossível: Efeito Fallout” – 2018 e “O Agente da U.N.C.L.E.” em 2015.
“Argylle” é divertido apesar de longo (2h20), cheio de reviravoltas, com um elenco de peso e explora ndo vários gêneros cinematográficos. Além de muito tiro, porrada e bomba, o público ainda recebe doses de comédia e até romance.
O longa é baseado na obra homônima da escritora norte-americana Elly Conway. No filme, Elly (interpretada por Bryce Dallas Howard, da saga “Jurassic World” de 2015 a 2022) é uma renomada autora que ficou conhecida por uma série de romances de espionagem sobre o agente Argylle.
Partindo para o quinto livro, Elly passa a ter dificuldade em dar sequência à trama de seu sua personagem. Ela sai em busca de inspiração e acaba sendo envolvida no mundo da espionagem que ela só conhecia de sua imaginação. A escritora se torna a peça-chave ao guardar informações que interessam a duas organizações secretas.
Para solucionar o problema, ela vai contar com a ajuda do espião Aiden Wilde (Sam Rockwell, de “Três Anúncios Para um Crime” – 2018) e de seu fiel companheiro, o gato Alfie. Difícil para ela será separar seu mundo de ficção do real.
As cenas de ação predominam, mas a comédia inserida no roteiro dá um toque diferenciado. Henry Cavill como o agente arrumadinho e esticadinho (nem um fio sai do lugar durante as lutas), é quase um James Bond, , com olhares e frases feitas, bem clichês, que ficam engraçadas.
Destaque para Sam Rockwell, que faz um agente que gosta de uma boa briga, mas adora dançar (o ator sempre insere uma cena de dança em seus filmes). Sempre com uma cara boa, às vezes até boba, quando está perto de Elly.
Bryce Dallas Howard está muito bem no papel e também dá um bom toque de humor. Mas seu dublê teve bastante trabalho nas cenas de luta. A atriz, que estaria em sua terceira gravidez, segundo tabloides norte-americanos, apresenta todos os sinais de gestação, que vão se tornando cada vez mais evidentes à medida que o filme avança para o final.
Não bastassem as fofocas e os protagonistas para atraírem o público, o longa conta ainda com um bom elenco, com nomes como Bryan Cranston (série “Breaking Bad” – de 2008 a 2012 e “Asteroid City” – 2023), Sofia Boutella (“Rebel Moon: Parte 1” – 2023), John Cena (“O Esquadrão Suicida” – 2021), Samuel L. Jackson (toda a saga com os heróis “Vingadores”, desde 2008 até 2023, incluindo “Ultimato” – 2019), Ariana DeBose (“Amor, Sublime Amor” – 2021) e Catherine O’Hara (“Os Fantasmas Se Divertem” 1 e 2, que será lançado este ano).
Sofia Boutella e Samuel L. Jackson inclusive já trabalharam com o diretor Matthew Vaughn em “Kingsman: Serviço Secreto” – 2015. Ele também dirigiu “Kingsman: o Círculo Dourado” (2017) e “Kings’s Man: A Origem” (2022).
Além do elenco e dos bons efeitos especiais (mesmo quando se tornam cansativos, como na luta da fumaça colorida), “Argylle – O Superespião” conta com uma ótima trilha sonora que dá o reforço necessário ao roteiro. Estão também entre as músicas, “Let’s Dance”, de David Bowie, o remix de “Suspicious Minds”, de Elvis Presley e “Now and Them”, dos Beatles.
O diretor Matthew Vaughn tenta novamente combinar os gêneros comédia e ação, mas desta vez ficou limitado. O roteiro de Jason Fuchs (criador da ideia original de “Mulher Maravilha” – 2017) não é tão bom como o de “Kingsman” (que inclusive é lembrado no filme), mesmo com o esforço do elenco. Mas vale como um bom entretenimento e para o público conferir todas as teorias loucas dos boatos sobre Taylor Swift. Alerta: tem cena pós-crédito.
Ficha técnica
Direção: Matthew Vaughn
Roteiro: Jason Fuchs
Produção: Apple Original Films, Marv Films e Cloudy Productions
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h20
Classificação: 14 anos
País: Reino Unido
Gêneros: ação, suspense, comédia, espionagem