Traumas infantis moldam o comportamento dos adultos
Poucos adultos podem afirmar que tiveram uma infância completamente livre de desafios ou experiências difíceis. Esses eventos, mesmo que ocorram em uma fase inicial da vida, frequentemente deixam marcas profundas na psique, com impactos que reverberam na vida adulta.
Traumas como abuso sexual ou psicológico; exposição à violência física; negligência emocional; ou testemunhar conflitos intensos entre os pais são exemplos de experiências que podem afetar o desenvolvimento social e emocional de uma criança. Mesmo situações que podem parecer menos severas, como privação de brincadeiras ou o impacto emocional de um divórcio, têm potencial para moldar padrões de comportamento futuros.
Na vida adulta, esses traumas não processados podem resultar em uma série de dificuldades. Entre os efeitos mais comuns estão a baixa autoestima, ansiedade crônica, dificuldades em construir relacionamentos saudáveis e até condições físicas, como doenças psicossomáticas. Muitos adultos enfrentam travas mentais que limitam seu crescimento pessoal e profissional, frequentemente sem perceber que essas barreiras estão ligadas a experiências precoces. O número de adultos que buscam terapia para lidar com questões atuais frequentemente encontra raízes em traumas passados.
Bloqueios emocionais e mentais formados na infância e na adolescência podem gerar travas significativas que afetam diversas áreas da vida adulta. Imagine uma pessoa e sua linha do tempo. Ao longo dela, diversas experiências são vividas, algumas repetidas e outras intensas. Essas vivências, positivas ou negativas, geram aprendizados, mas muitos deles podem ser disfuncionais, resultando em travas mentais.
Cerca de 80% da carga emocional das travas mentais está associada a três pilares fundamentais: pai, mãe e relacionamentos interpessoais. Essas influências podem se manifestar em dez tipos principais de travas mentais, como:
- Trava da autoconfiança: dificuldade em acreditar nas próprias capacidades.
- Trava da aprovação: necessidade excessiva de validação externa.
- Trava da escassez: visão limitante sobre abundância e prosperidade.
- Trava paterna: reflexos de relações conturbadas com figuras paternas.
- Trava da competência, vítima e outras: padrões repetitivos que limitam o crescimento pessoal.
Os sintomas associados a essas travas incluem insegurança ao tomar decisões; medo de expressar opiniões; dificuldade em assumir responsabilidades complexas; autocrítica excessiva e problemas nos relacionamentos afetivos e interpessoais. Essas barreiras tendem a se perpetuar na vida adulta, a menos que o indivíduo reconheça sua origem e trabalhe conscientemente para superá-las.
Por isso, o processo de ressignificação é essencial. Desde pequenos, aprendemos com nossos pais, mesmo sem consciência plena. Esses aprendizados nos acompanham na adolescência e na vida adulta. Porém, a maturidade nos oferece a oportunidade de revisitar esses padrões e transformá-los;
Uma ferramenta que utilizo para auxiliar meus pacientes é o questionário de travas mentais, composto por 50 questões. Ele permite identificar os bloqueios específicos de cada pessoa, oferecendo um ponto de partida para o tratamento. O questionário foi validado com meus pacientes e mostrou alta assertividade na identificação das problemáticas apresentadas em sessão.
A psicanálise oferece um caminho transformador para explorar esses bloqueios e reconstruir perspectivas de vida. Reconhecer que ‘o que acontece na infância não fica na infância’ é o primeiro passo para uma jornada de cura e crescimento pessoal.
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