*Texto escrito pela Renata Teles
Praticamente todos os dias meus pacientes me questionam sobre o uso de protetores solares, vulgo filtros solares: se tem que usar mesmo, com qual frequência e principalmente de que tipo. Alguns relatam que aplicam apenas em momentos de lazer ou quando estão de férias, enquanto muitos contam que nunca usam. Confesso que me dá um brilho nos olhos quando alguém me diz que usa todo santo dia, mas infelizmente ainda é uma minoria. No Brasil, estima-se que em torno de 76% dos homens e 62% das mulheres se expõem ao sol sem qualquer tipo de proteção.
Mas por que convencer de que o uso desse “pequeno notável” é assim tão importante? Pois bem, a pele é o maior órgão do corpo humano e o mais atingido pelos efeitos deletérios da radiação ultravioleta (RUV) do sol, estando muito bem documentada a forte relação entre exposição solar e incidência de lesões pré-malignas e cânceres da pele. Os tipos mais comuns são a ceratose actínica, o carcinoma basocelular, o espinocelular e o melanoma, que é o mais relevante devido à maior mortalidade quando diagnosticado tardiamente. A incidência do câncer de pele tem aumentado em todo o mundo nas últimas décadas, constituindo um problema de saúde pública em diversos países.
E como esse processo, chamado de foto carcinogênese se inicia na pele? Basta entender que toda RUV que atinge a nossa pele é em parte refletida e outra absorvida, levando à produção de radicais livres tóxicos que danificam o DNA das células cutâneas, promovendo mutações que podem levar ao surgimento dos cânceres da pele. Para completar essa série de danos, a RUV também pode contribuir para a ocorrência de outras dermatoses induzidas pela exposição solar, como lúpus eritematoso , “sinais” e, acreditem, ainda leva ao envelhecimento precoce da pele. Mais um nobre motivo para se defender dessa vilã!
Então isso quer dizer que todo mundo pode vir a desenvolver um câncer de pele ao longo da vida? Em tese sim, mas alto lá, pois além do nível de exposição à RUV que uma pessoa acumula ao longo da sua vida, o que é determinado por seus hábitos pessoais de exposição solar, essa propensão também está relacionada a características individuais e genéticas como tipo de pele, cor dos olhos e cabelos e histórico familiar positivo para câncer da pele.
Assim sendo, parece mesmo sensato começar a pensar em adotar medidas comportamentais diárias que reduzam os efeitos ruins da radiação ultravioleta sobre a pele, limitando o tempo de exposição ao sol, evitando os horários das 10 às 16 h e adotando o hábito de usar roupas apropriadas, chapéus, óculos escuros e um bom filtro solar. Inclusive, deve-se estimular a fotoproteção regular desde a infância, pois ela reduz o risco de melanoma e o surgimento de “sinais” suspeitos. Afinal, “de pequenino é que se torce o pepino”, rsrs!
E aí, já sabe qual é o filtro solar ideal para você? Até o próximo post!
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