Salve, salve, rockeiros e rockeiras desse planeta chamado terra!
Tudo bem com vocês?
Antes de iniciarmos mais uma viagem, tendo o Rock and Roll como nosso tema principal, gostaria de agradecer imensamente a todos vocês pelo recorde de acessos no artigo anterior sobre o Rock in Rio 2019. Foi surpreendente o engajamento de todos vocês e não poderia deixar esse fato passar sem registrar o meu MUITO OBRIGADO, de coração! Os comentários de todos vocês foram altamente motivantes, o que me gera uma energia incrível para continuar em frente com esta coluna na qual tenho grande prazer e carinho de escrever para vocês.
Então vamos lá…
Nasci em abril de 1970, e tive a grande alegria de atravessar a década de 80 que foi regrada de forma abundante no quesito música, uma década de ouro para o Rock and Roll e seus admiradores.
Na década de 80 o rock era uma espécie de Facebook humano. Vocês devem estar se perguntando o porquê disso ou dando uma boa risada. Mas vou tentar explicar a origem dessa expressão.
Nessa década os pais eram bem mais rigorosos que os de hoje, existiam muitas regras e limites bem diferentes… Porém a alegria do sábado à tarde era algo inexplicável!! O horário de chegada em casa era as 22 horas, então a maioria dos jovens, inclusive eu, tínhamos a diversão concentrada no sábado na parte da tarde.
O ponto de encontro era em formato de rodízio: cada sábado na casa de um que tivesse um aparelho de som de boa qualidade, e ali por volta das 16h os amigos e amigas começam a chegar. Cada um com seu LP – o saudoso disco de vinil – debaixo do braço.
Então sentados no chão em roda ficávamos ali por horas batendo papo sobre as bandas de rock, sobre os lançamentos, foleando as revistas com fotos de shows em diversos lugares do mundo ao som do sempre bom Rock and Roll.
O verdadeiro Facebook humano, cara a cara, olho no olho, onde era possível escutar as risadas ao invés do famoso “kkkk”. Ali não tinha emojis e sim rostos de verdade sorrindo, às vezes de olhos fechados sentindo a música, às vezes com cara espanto ao ouvir um solo complexo de guitarra ou uma virada de bateria seguida de um contrabaixo groovado que emendava com um vocal lá nas alturas com afinação perfeita. Nessa roda de amigos haviam rostos de verdade, risadas e muita admiração.
Dos 8 aos 10 anos já escutava Queen, Pink Floyd, Supertramp, Elton John, Dire Strats, Beatles, Elvis. Mas foi a partir dos 12 anos que entrei para o Facebook humano e comecei a participar das rodas de música aos sábados. Caramba, nessas rodas fui apresentado para bandas nas quais sou fã até hoje como: Iron Maiden, AC/DC, Ozzy Osbourne, Led Zeppelin, U2, Def Leppard, Twisted Sister, Bon Jovi, e daí para frente. Meu Deus eu ficava desesperado com tanta música boa!
Naquela época um Disco de Vinil era muito caro – cerca de 10% do salário mínimo. Era um de presente de aniversário e outro de Natal.. Não era fácil!!! E também tinha a grande jogada da fita k7 onde se gravava as músicas mais legais de cada disco. Mas também ter uma fita não era muito acessível.
E assim seguia o Facebook humano … Tinha uma brincadeira bem legal também que funcionava da seguinte forma: Cada amigo levava um disco de uma banda de sua preferência e, antes de tocar, o dono do disco tinha que contar a história da banda (como foi criada, quem eram os componentes, as músicas de maior sucesso e tudo mais). E dentro desta dinâmica aprendia-se muito sobre cada banda.
Os sábados foram passando e, de repente, surge no horizonte o rock nacional botando pra quebrar com Legião Urbana, RPM, Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Ira!, Capital Inicial, Kid Abelha, Nenhum de Nós, Uns e Outros, Titãs. Algo de perder o fôlego!!!
Finalmente o nosso país começou a produzir bandas rock, o que já era um sonho virou algo transcendente, que não tenho adjetivos para qualificar de tão bom que era. Passávamos horas à frente do som, com o REC do gravador em pausa esperando as músicas tocarem nas rádios para podermos gravar na fita k7, torcendo para o locutor não entrar no final da música falando o horário e o nome da rádio.
Então por 10 anos, sábado foi sinônimo de Rock, de Facebook humano, de alegria, de conhecimento musical e de descobertas de novas bandas. Não sei explicar, mas contava os dias da semana para chegar o sábado a fim de ter este contato com o rock e com os amigos.
Apesar do tom bem saudosista deste artigo, deixo meu pedido aos jovens que estão lendo a se darem a oportunidade de terem uma experiência como essa, e aos papais e mamães que curtem o rock, que tentem cultivar a música e o Facebook humano junto aos seus filhos, a fim de marcar de forma saudável às vidas deles para que um dia esta história seja contata de uma forma mais atualizada.
Eu fico por aqui e espero que tenham gostado deste Revival!
Grande abraço a todos!
30 comentários
Vi uma parte de mim nesse texto. Elucidativo.
Saudosismo só se cria mesmo no consciente coletivo se foi bom. E realmente nada supera olho no olho.
Ligia, fiquei muito feliz pelo fato do artigo lhe fazer viajar pelo tempo !
Maravilhoso seu texto, meu brother! Você descreveu com exatidão todos os detalhes de como nós passamos por isso tudo. Parabéns!
Nossa!!! Que passeio pelos anos dourados do Rock e de uma relação mais que humana entre as pessoas… E éramos felizes demais , as dificuldades várias não impediram de vivenciar bons e inesquecíveis momentos e ainda perpetuar uma música boa e simplesmente eterna. Parabéns Alfredo, vc brilhou mais uma vez! Um grande abraço!
Deu saudade?
Muita Saudade !
Muito Obrigado minha querida Irmã, você fez e faz parte dessa história e desses bons momentos vividos !
Fantástico artigo!! Parabenizo por nos proporcionar essa imersão no passado do verdadeiro convívio e partilha do q tinha de melhor do Rock e da convivência humana!
O Alfredo é um ótimo colunista assim como os demais! Sempre arrasa!
Muito obrigado Lorenza, estou muito feliz com resultado que estamos alcançando no Curta Lagoa !
Minha adolescência foi “mais ou menos” assim também! Ainda guardo os discos de vinil que consegui comprar ou ganhar e as fitas k7 que gravei ou gravaram pra mim, muitas delas no “Rock que a Terra não esqueceu” ou direto dos discos dos amigos. Good times!
Obrigado Lê, imergir no passado sempre traz bons resultados, foi onde formamos quem somos hoje, obrigado pelo seu belo comentário !
Olá amigo Alfredo,essa comparação é inusitada,e acho que você deve ser o pioneiro a opinar sobre essa relação do Rock com o Facebook. Você citou os anos 80,mas eu,como sou um pouco mais velho, (rsrsrs) digo que minha relação com o Rock vem bem antes,na década de 70,,nos encontros dos amigos,ouvindo nos fins de semanas músicas,indo nos bailinhos de fundo de quintal,dançando coladinho as músicas romãnticas,e adentrando os anos 80,com o estouro do rock nacional,onde íamos nos acampamentos,encontros de fim de semana com churrascos,sempre levando o violão e ouvindo e cantando os grande sucessos nacionais e internacionais do bom rock’n’roll. Bons tempos que hoje em dia parecem ter ficado no tempo,na saudade,pois a própria música parece que deixou os amigos afastados,deixou de ter aquela proximidade entre as pessoas,se tornando apenas algo virtual,que nos parece algo descartável e passageiro,com produções apenas para o interesse de alguns,sedentos de dinheiro. Parabéns pelo artigo amigo. Estamos sempre juntos…e viva a boa música,viva o rock’n’roll. Fotre abraço!
Top demais!
Grande Pedro, sua resposta é um complemento ao artigo, maravilhoso, obrigado por essa oportunidade ! Você tem o poder de nos colocar dentro da sua narrativa! Grande abraço !
“Dinheiro é a raiz de todos os males”
A maioria (talvez todas) bandas de hoje so tem foco comercial, e o pouco foco musical. E hoje as pessoas que me recriminavam, também escutam as músicas “velhas” que amo, pois agora eles enxergam a diferença. GNR’s Lies e AFD disco 2 e disco 1 do Guns… ainda não achei substituto para esses… ouço sempre e acho que nunca vai ter igual
Kleber concordo plenamente com você e lhe convido para escutar o meu trabalho que tem uma influência grande dos anos 80 e 90, segue o link: https://www.youtube.com/playlist?list=PLhA3SzB2qll1B_NxV4Tm5DkJlIw9IzTAg
Sensacional. Era isso mesmo. Rodas de amigos. Gravar uma fita sem o locutor da radio falar kkkkk tinha q ser muito rapido. Anos 80 foi o maximo. Parabens Alfredo!!!!
Obrigada por participar
Adriana, são momentos vividos que ficam na memória e só quem viveu sabe o que é ! Obrigado pelo comentário e continue nos acompanhando !
PqP!!! Mais uma VEZ Você “falou” de mim! Rsrsrsrs… Assim como em sua Música ‘Onde estão os Trilhos’, essas tuas palavras me acertaram em cheio! Me vi em suas palavras, visto que o ap. de meus pais foi durante muito tempo o point do Rock em Salvador. Fitas VHS de Shows, LPs Importados, muitas revistas sobre a matéria… Graças a este teu artigo, fiz uma viagem até aqueles tempos. Obrigado!
Você, Alfredo, é meu Ídolo! Valeu!
É isso aí!
Grande Alfredo, incrível esse artigo, me identifiquei na hora.
Foi uma época incrível e tivemos muita sorte de tê-la vivido.
Os encontros com os amigos, as trocas de ideias, discos, fitas, etc.
Me sinto feliz de aínda praticar o colecionismo de vinis e fitas K7 que ainda as gravo, só que hoje com mais qualidade.
Esse artigo pode também ser chamado de “máquina de viagem no tempo”, pois me vi 40 anos atrás.
Muita alegria, muita emoção e satisfação em ler algo tão incrível.
Gratidão por mais essa pérola escrita.
Forte abraço meu amigo.
\o/
Jack Bracan, você não sabe a alegria em ler este seu comentário. Me sinto o aluno surpreendendo o professor. Você é uma das minhas referências no Rock. Obrigado de coração por nos seguir aqui no Curta Lagoa !
Jack Bracan, você não sabe a alegria em ler este seu comentário. Me sinto o aluno surpreendendo o professor. Você é uma das minhas referências no Rock. Obrigado de coração por nos seguir aqui no Curta Lagoa !
Fantástica matéria, meu Amigo!
Eu viajei pelos melhores tempos musicais que já existiram…
Obrigada pela oportunidade.
Sigo admirando, respeitando e aplaudindo a história vitoriosa dos meus queridos Amigos!
Até breve!!!
????????????
Puxa Carol, muito obrigado, vindo de você que é uma pessoa muito exigente eu realmente fico muito feliz, obrigado por participar dos comentários em minha coluna. Volte mais vezes !
Lendo essa matéria, me senti de volta nos anos q sou grata a Deus por ter vivido, foi a época q tivemos o prazer de conhecer e curtir músicas de boa qualidade e sou apaixonada por rock nacional e internacional….não bastava curtir,tinha q ser fã de carteirinha rsrs,saber tudo sobre nossos ídolos. Hoje, vivemos uma época onde até a música é descartável, pobre de letra,melodia e ritmo. Quem conheceu e viveu a nossa época musical,tem vergonha de chamar MÚSICA o som q faz sucesso no momento. Abraços a todos.
Exatamente isso Ana, sinto a mesma coisa. Tenho certeza que irá curtir o meu trabalho autoral que tem muito dessa época, escuta aí e me fala: https://www.youtube.com/playlist?list=PLhA3SzB2qll1B_NxV4Tm5DkJlIw9IzTAg
Grande Alfredo, realmente os anos 80 carregaram uma onda impactante para os jovens Rockeiros daquela época. Eu lembro que quando comprava um vinil (na Europa não era tão caro assim, mas não é disso que queria falar, mas de fato era mais acessível que no brasil, pelo que vc relatou) na volta pra casa mudava o caminho, escolhia o percurso mais comprido, para tentar encontrar algum amigos para mostrar a bolacha. Ficava me segurando para abrir o plastico que embrulhava o disco, até quando não aguentava mais e delicadamente rasgava a película transparente e ficava babando e fotografando com os olhos cada “pixel” da capa. Mas descobri que algum amigo meu fazia a mesma coisa, andava pelas ruas, depois de ter saído da loja de discos, até encontrar o colega para mostrar o LP. Mas em fim, o Rock deixa boas lembranças, o tempo passa e as musicas são como um álbum de fotografias, que a gente de vez em quando recupera para relembrar a juventude. Hoje os jovens curtem de forma diferente a troca de informações, as emoções são caricaturas das nossas expressões faciais dos anos 80/90. Os emojis hoje são parte dos costumes e da cultura. Não consigo imaginar nos próximo 20 anos o que vai substituir os emoji. Boa meu brother