Até 20 de maio, o público tem acesso a parte do acervo de uma das grandes representantes das artes plásticas no Brasil, reconhecida internacionalmente. São 74 obras, algumas inéditas, que podem ser apreciadas por tour virtual ou por visitas presenciais agendadas e gratuitas.
Com quase 90 anos, a incansável Yara Tupynambá se prepara para lançamento de nova exposição na nossa #ahhbeagá com obras inéditas, ligadas à natureza. A abertura de “Yara Tupynambá – 70 anos de carreira” ocorreu em 24 de fevereiro, no CCBB BH e fica em cartaz até 20 de maio, sempre de quarta a segunda, das 10h às 22h. No atual contexto de pandemia, não haverá bilheteria e as visitas presenciais deverão ser agendadas.
“É preciso ter uma vontade muito férrea para continuar. Ao longo desses 70 anos de trabalho, as adversidades no meio da arte e da cultura nunca me tocaram. Pela pintura, me sinto gente com capacidade de ver o mundo, ela me deixa tranquila. A pandemia não alterou em nada para mim. Fico praticamente o dia todo no ateliê. Sempre fui muito organizada e metódica. Quando posso mergulhar fundo eu vou. Em vez de dois quadros sobre Jequitinhonha, faço 30”, diz Yara Tupynambá que faz 89 anos, no dia 2 de abril.
A exposição Yara Tupynambá – 70 anos de carreira traz 74 obras de diferentes fases da carreira da artista, que ultrapassam 1 metro de altura, com temática voltada para o meio ambiente. A mostra conta com quadros e gravuras de alguns de seus mais importantes painéis, além de uma série inédita sobre o Parque Municipal e os jardins da casa da artista, com as plantas e flores por ela cuidadas, assim como sua visão da casa e dos jardins de Claude Monet, em Giverny, na França dos anos 80. “Meus jardins são meu privado, íntimo e pessoal, é aquilo que sinto. A arte do artista está naquilo que ele vive. É a vivência que faz com que você trabalhe. Tantas cidades, tantos lugares, tantos objetos absolutamente mineiros que posso trabalhar sobre, que posso fazer evocações. Mas não posso trabalhar sobre o Ceará, por exemplo, pois não vivi essa realidade”, explica.
José Theobaldo Júnior, que assina a curadoria da exposição, diz que “o registro dos próprios jardins convida todos a preservarem o meio ambiente e de certa forma também se tornarem artistas, com criações cotidianas no jardim de seus lares. Já a tela, com releitura dos Jardins de Monet, valoriza a necessidade universal de cuidados com a natureza”. Para o curador, telas e obras da exposição, como um todo, “deixam um alerta de preservação e conservação ambiental”.
O percurso da exposição começa com obras das matas e florestas densas de Minas Gerais – o Vale do Rio Doce e o Vale do Tripuí, resquícios de Mata Atlântica, bioma da costa leste do Brasil, representando a universalidade ambiental. O Cerrado Mineiro é outro importante bioma retratado na exposição, destacado em flores e espécies raras existentes no Parque Nacional da Serra do Cipó. Os Jardins do Inhotim, o maior centro de arte contemporânea a céu aberto do planeta, são também retratados por Yara, que valoriza a natureza reinventada pelo homem. Rio Doce e Tripuí, os vales e as florestas, os recantos e recortes de Mata Atlântica são representados com paixão e refinamento. A Serra do Cipó e o cerrado se refletem em obras marcadas pela delicadeza e riqueza de detalhes.
As imersões artísticas de Yara, inspiradas nos parques de BH, completam o ciclo da natureza iniciado quando a artista tinha 17 anos e recebeu as icônicas aulas do mestre Guignard. Dessa época vêm os primeiros registros do Parque Municipal, ao qual Yara retorna agora, 60 anos depois, para oferecer novos olhares e reavivar sua íntima relação com a natureza. “A arte é um documento de seu tempo. Ela tem uma função social. Faço o que faço pois estou em 2021. Em 1960 fiz outras coisas. Cada época focalizei um período da minha história e do meu povo. Quando falo do gado, falo do meu povo. Quem não vê um documento em Guignard?”. E, acrescenta: “sou uma ecologista, meu trabalho está voltado para a natureza, mais do que muita gente de gabinete” (risos).
Exposição com segurança: O acesso ao prédio do CCBB será mediante retirada de ingresso gratuito no bb.com.br/cultura ou pelo Eventim (site ou app) e apresentação na entrada, por meio do QR Code no celular. Entre outros protocolos, haverá restrição para o número de pessoas e o tempo de visitação nas salas da exposição. Também é obrigatória aferição de temperatura, uso de máscaras e disponibilização de recipientes com álcool em gel durante o percurso da mostra. Pais e cuidadores precisam apresentar o ingresso na entrada para crianças acima de 2 anos. Já o tour virtual, terá livre acesso pelo site www.yaratupynamba.org. Este projeto tem o patrocínio do Banco do Brasil.