A pandemia que afetou o mundo tem modificado de forma impactante a rotina de toda a sociedade. Médicos e especialistas na área da saúde ao redor do planeta têm buscado formas de diferenciar o Covid-19 da pneumonia, já que os sintomas são muito similares e podem confundir o diagnóstico. Um dos desafios apresentados é diferenciar os padrões radiológicos da atual doença devido a semelhança com os achados na pneumonia pneumocócica.
Um estudo apresentado no II Congresso Mineiro de Diagnóstico Por Imagem, que ocorreu em janeiro deste ano, por um grupo de estudantes do curso de medicina da Faseh- Faculdade da Saúde e Ecologia Humana, integrante do ecossistema Ânima Educação, evidenciou a importância do uso de exames complementares de imagem no diagnóstico diferencial das pneumonias causadas pelo Covid-19 e a pneumonia pneumocócica.
“Esse trabalho foi desenvolvido pelos alunos Yuri Costa Anjos, José Maria Rettore Junior, Leonardo Turquette Lellis do Vale e Mauro Marques Lopes do curso de medicina. Teve uma aceitação muito boa no congresso e foi aprovado por unanimidade, evidenciando que a Faseh proporciona aos estudantes muito mais do que conhecimento, mas oferece oportunidades para que desenvolvam seus talentos e habilidades”, observa Adirson Monteiro de Castro, professor da Faseh e orientador do estudo “Análise comparativa dos exames de imagem na Covid-19 e pneumonia adquirida na comunidade”.
A medicina, desde o aparecimento da pandemia, tem incansavelmente trabalhado em prol de novas maneiras de confirmar o diagnóstico e, claro, a partir daí oferecer tratamentos mais assertivos, contribuindo para que menos pessoas sofram as consequências graves da doença. A doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 possui seu diagnóstico confirmado pela manifestação clínica e laboratorial, os principais exames laboratoriais são o RT-PCR que consiste em um método de biologia molecular que amplifica e identifica o material genético do vírus (RNA). Além disso, são utilizados exames sorológicos nos quais são dosados no sangue os anticorpos que na Covid-19 aparecem por volta de sete dias após o início dos sintomas, mas como pode apresentar resultados falsos-negativos o RT-PCR é o exame laboratorial padrão-ouro para o diagnóstico da Covid-19.
Os métodos de imagem são pouco específicos para Covid-19, pois podem ser facilmente confundidos com outras doenças que acometem as vias aéreas e pulmões como, por exemplo, a pneumonia adquirida na comunidade. Exames de imagem do tórax como a tomografia computadorizada podem mostrar sinais típicos de pneumonia por COVID-19 ou outros agentes, auxiliando no diagnóstico diferencial e progressão da doença.
“Esse estudo baseou-se em uma revisão integrativa da literatura, método que consiste na construção de uma análise ampla da literatura existente, construindo discussões sobre métodos e resultados de pesquisas e reflexões sobre a realização de futuros estudos. Dos 227 artigos encontrados sobre o tema, foram revisados 20 no total”, informa o professor Adirson que é mestre em Ciência e Tecnologia das Radiações.
Diante da importância do quadro apresentado pelos pacientes infectados e da alta transmissibilidade, torna-se importante a resolução de métodos diagnósticos com melhor eficácia e de maior eficiência no manejo, motivo pelo qual, considerando o uso da ultrassonografia pulmonar no trato de pacientes, de forma não invasiva e com atendimento em pacientes ambulatoriais.
“Importante salientar que a ultrassonografia é um método diagnóstico sem radiação ionizante e de baixo custo. Apresenta uma sensibilidade de 94%, especificidade de 97%, intervalo de confiança de 95% e intervalo de curva ROC de 0,99. O que oferece uma maior acurácia para pneumonias no geral. Além disso, considerando a alta taxa de transmissibilidade do Covid-19, apresenta risco diminuído, uma vez que pode ser realizado por apenas um profissional, bem como permite a proteção por plásticos e a fácil higienização”, informa Yuri Costa Anjos, um dos alunos envolvidos no estudo apresentado.